Leone Mendes da Silva curte seus primeiros dias de liberdade sem sinais de arrependimento. Pelo menos na página que voltou a atualizar depois de deixar a prisão em Joinville, dia 19 de março. Autor da cena mais chocante durante a briga entre torcedores de Vasco e Atlético-PR na última rodada do Brasileiro do ano passado, quando atinge um torcedor rival na cabeça com uma barra de ferro, o integrante da organizada Força Jovem rechaçou as críticas e deixou os primeiros comentários em seu Facebook mostrando como se sente depois do episódio.
“Muitos me criticaram, mas não sabem o que passamos pelos nosso maiores amores. Vou deixar uma frase para os recalcados filhas (sic) das p...: Os fracos não fazem história, mas sim os valentes. Chupa”, postou, no dia 7 de abril, ganhando apoio de amigos e se empolgando para novo comentário: “Só quem está no dia a dia pode falar. Somos o que somos. Se arrepender jamais”, disse, sem sinais de dor na consciência.
No mesmo dia, Leone publicou uma imagem novamente reforçando que se orgulha das ações do passado:
“Muitas pessoas querem apagar o passado, mas se apagamos não acertamos no futuro. Fé em Deus”, escreveu na internet.
Depois dessas mensagens, o torcedor falou mais duas vezes sobre a saudade que sentia de momentos como o da viagem a Joinville. Em uma foto, aparece com um grupo no dia do jogo contra o Atlético-PR. Nos últimos dias, postou mensagens como “Agora estamos felizes, liberdade” e “Tô tranquilão”.
Segundo o advogado Marcio da Mata Vicente, que defende Leone e outros torcedores, houve sim arrependimento mas o jovem está levando a vida, no aguardo do júri popular não marcado.
— Ele (Leone) não é nenhum criminoso. Está arrependido e responde processo. Mas tem que tocar a vida. Não foi condenado e até que se prove o contrário é inocente. Tem que andar na linha e cumprir os requisitos.
Leone não vai a jogos do Vasco, se apresenta à polícia antes das partidas e seu advogado envia relatórios para a juíza do caso semanalmente. O processo está só começando. Uma audiência com testemunhas de defesa ocorreu no Rio há 15 dias.
Postura pode ter influência na pena
O Ministério Público de Santa Catarina informou que, em tese, qualquer atitude que incite a violência, mesmo de forma virtual, pode ser anexada ao processo em curso e levada em conta a título do cálculo de uma eventual pena de prisão do torcedor por parte do juiz.
A reportagem do EXTRA contatou o plantão do MP-SC e falou com o promotor Marcelo Mengarda. Ele informou que o titular do caso na Primeira Promotoria de Justiça de Joinville era Ricardo Paladino. Mas, como já participou de audiência do caso, afirmou que qualquer incitação à violência por parte de um acusado pode ser levada em conta pela juíza Karen Reimer.
— O MP pode anexar isso ao processo. Pode ser instaurado alguma coisa como incitação a violência e influenciar na aplicação de pena pelo juiz — disse o promotor.
O advogado Marcio Da Mata Vicente, que estava na Arena Joinville, exaltou por fim a postura de seu cliente.
— A torcida deles veio para cima, ainda bem que eles nos defenderam — comentou.
Os fatos
Presidente de torcida solto
Não há mais presos entre os torcedores do Vasco que brigaram na Arena Joinville. Na última terça-feira, Jeferson Helmann e Bruno Pereira Ribeiro, presidente da Força Jovem, foram soltos.
Trio libertado em março
Jonathan Fernandes dos Santos, Arthur Barcelos Lima Ferreira e Leone Mendes da Silva respondem a um único processo e foram soltos no fim de março. Eles foram denunciados por tentativa de homicídio qualificado, dano ao patrimônio público; e incitação e prática de violência.
Torcida punida
A Força Jovem Vasco foi punida com a suspensão por um ano dos estádios no Brasil em virtude da briga generalizada. O clube ainda cumpre suspensão na Série B por causa do tumulto.
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